"Não há nada mais solitário que a compania de um paulista"...
Esse era o espírito debochado do pernambucano Nelson, radicado no Rio desde menino...
Leiam o "Anjo pornográfico"...
Mas, enquanto isso é preciso falar dele e entender que os tempos eram outros...
Eram tempos em que mulher, por exemplo, era para ser tripudiada num movimento linear de comportamento masculino...
Não tinham voz e nem voto.
Mas Nelson desnudou com um sarcásmo ímpar a hipocrisia da sociedade carioca e brasileira.
As mulheres "fruta" não existiam, ao menos com tanta visibilidade das várias mídias, que naquela época eram poucas...
Todas as devassas, todos os maridos traídos, todos os maridos que pulavam cerca, enfim, toda putaria que hoje é institucionalizada e dita comportamento, está imortalizada na obra dele.
As "Piriguetes" estão lá...
Os viados, com "i" mesmo, idem.
Nelson, o tricolor polemista e cronista como nunca havia se visto, enxergava muito mal...
Ia aos jogos e mal via o que se passava em campo...
Corria de volta para a redação, já que naquele tempo não havia celular e nem internet, e antes de escrever suas crônicas fantásticas, virava-se para o saudoso Armando Nogueira e perguntava: "Mestre, como nós vimos o jogo?"...
Eu era fã dele de forma absoluta...
Tentaram tudo para dizer que ele gozava da simpatia dos militares...
Ele gozava da simpatia dos que pensavam, e isso bastava.
Teve filho preso, traiu, foi traído, amou, foi amado e odiado...
Viveu, enfim!
Não apenas "passou pela vida", feito um vivente moribundo, natimorto.
Em tempos que Tv dita comportamento, isso de pensar parece que produz dor.
Quer saber?... Tenho inveja da burrice, pois ao menos ela é eterna, nós não!
Forte abraço!
quinta-feira, 23 de agosto de 2012
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