Inocentes úteis?...

A prisão em flagrante do deputado Natalino Guimarães, no Rio de Janeiro teve de tudo:
Surpreendido numa reunião na sua própria casa com milicianos, teve tiroteio, palavrão e protesto na porta de delegacia...
O Rio, apesar de todo esforço que faz, principalmente aquele originado do cidadão contribuinte, se vê inclinado a acreditar em Robin Hood e sem que se dê conta, transforma a cidade numa verdadeira floresta de Sherwood, onde é tolerável roubar dos ricos para supostamente compartilhar com os pobres...
A barbárie generalizada que domina a cidade desfez a linha real de “guetos” onde os pobres eram confinados, e os colocou junto com a violência a que eram submetidos diariamente, diretamente na sala de nossas casas... Até aí tudo muito evidente, assim como é de se esperar que todos clamem por paz e segurança, é natural também supor que grupos se organizem e ofereçam este novo produto, a segurança, aos que eram apenas reféns da violência... E é aí que o caldo entorna: sai de cena o traficante pé de chulé, que tem vida mais curta que pilha comum, e entram os milicianos, invariavelmente policiais, ativos ou não, que ocupam o vácuo deixado pelo Estado paquidérmico, inoperante e sempre em busca da tal “inteligência policial”... Sei lá, mas inteligência policial para mim, é não permitir que grupos paralelos ao Estado de Direito, tomem posse de nossas ruas e bairros e submetam o indivíduo às suas vontades... As autoridades brasileiras da área de segurança parecem cães correndo atrás do próprio rabo, sem saber em que direção seguir...
O resultado disso é vermos pessoas na porta de uma delegacia protestando contra a prisão de um criminoso, ex-policial e deputado travestido de salvador da pátria... Essas pessoas serão sempre, a soldo do crime ou não, inocentes úteis.